Toca uma música que só eles ouvem, toca para eles. Mão na cintura, outra junto da mão dela e ela põe a que sobre sobre o ombro do amado. Ficam eles coloridos e os outros em preto-e-branco. Três pra cá, três pra lá e um rodopio, ganham o salão e encantam a platéia e percebem, então, que continuam parados, cada qual em sua extremidade da sala. Rubram, imaginam que os outros perceberam a cena que só se passou para eles. Perguntam-se se cantarolaram a valsa e rubram mais ainda.
Mal se falam no corredor, apenas trocam olhares, perdem-se, gaguejam por insuficiência de concentração e valsam lindamente. Vez ou outra encontram-se sozinhos e abraçam-se, entrelaçam-se, conversam abraçados, calam-se, sentem-se, amam-se. Sobrevivem de instantes à sós.
Mariana Casals em agosto de 2005
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