24 de nov. de 2008

THE HUMAN ABSTRACT A theatrical reading of Shelley´s Frankenstein




List of Characters:
The Tree
The Creature
Dr. Frankenstein
Mrs. Frankenstein
Frankenstein´s friends
Teacher (a woman)
Husband
Children


ACT I

Scene I:

(Lights are off. The Creature enters holding a flashlight to his face.)

The Creature:

“The Gods of the Earth and sea
Sought thro´ Nature to find this tree
But their search was all in vain:
There grows one in the Human Brain.”


(The Creature turns off flashlight, lays on a table. Dr. Frankenstein stands by his side).


Scene II:

(The tree rises from the ground and lights a candle.)

Tree:

“What the hammer?
What the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dead grasp
Dare its deadly terrors clasp?

What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?”



(The Creature, lying down, turns on flashlight. He opens his eyes.)

Dr. Frankenstein:

What have I done?

(Dr. Frank steps back into darkness. Leaves.
The Creature, alone, crawls and leans against a wall. He rises, walks around, listens, touches things. He hides to watch the family.)


Scene III:

(At the blackboard. Woman teaching children to read, writes the word FRIEND on the board. She points at each letter.The Creature watches, hidden.)

Child #1:
F – R – I – E – N – D

Child #2:
Friend!

Teacher:
Everyone!

Children:
Friend!

The Creature:
Friend.


Scene IV:

(The Creature walks, sits down. He brushes away a fly.)

The Creature:

“Little fly
Thy summer´s play
My thoughtless hand
Has brushed away
Am not I a fly like thee?
Or art not thou
A man like me?”


(The family, walking, sees the Creature. Children scream, man hits him with a shovel. The Creature runs away.)


ACT II

Scene I:

The Tree:

“And their sun does never shine,
And their fields are bleak and bare
And their ways are filled with thorns
It is eternal winter there”

(The Creature runs up and down.
He meets Dr. Frankenstein with his wife, and friends. The Creature pushes them down.
Dr. Frank stands alone, screams, runs away. Creature runs after him. They leave the room.)

The Tree:

“Cruelty has a human heart
And jealousy ahuman face
Terror the human form divine
And secrecy the human Dress.”

(Dr. Frank runs into the room. He starts to slow down, falls, dies.
The Creature runs in, sees him, kneels down by his side)

The Creature:

“This is also my victim! In his murder my crimes are consumated, the miserable series of my being is wound to its close! Oh, Frankenstein! Generous and self-devoted being! What does it avail that I now ask thee to pardon me? I, who irretrievably destroyed thee by destroying all thou lovedst. Alas! He is cold, he cannot answer me.”

(The Creature turns off flashlight, hugs Dr. Frank.)

The Tree:

“The night was dark, no father was there.
The child was wet with dew.
The mire was deep and the child did weep,
And away the vapour flew.”

Ensaio sobre o conto "Estão apenas Ensaiando" de Bernardo Carvalho

A PIADA DO ILUMINADOR

No conto Estão Apenas Ensaiando, Bernardo Carvalho desconstrói ironicamente o conceito de verossimilhança, demonstrando que a imprevisibilidade e o mistério do mundo real ultrapassam os limites da mímese.
A ironia revela-se desde o início, e elementos cômicos parecem anunciar a tragédia subseqüente. Um deles é o estribilho “estão apenas ensaiando”, que repetidas vezes ao longo da narrativa remete à idéia de que os atores não estão apenas ensaiando e atribui uma significação misteriosa ao ensaio. Além disso, estão presentes a assistente, que ri incessantemente das graças do diretor, e o iluminador, cuja piada, que sofre constantes interrupções, se relaciona diretamente ao desenlace da narrativa. Por não ser revelada e apresentar interrupções que coincidem com as do ensaio, a piada é, aparentemente, a própria situação narrada.
Outros elementos irônicos presentes desde o início do conto desconstroem a noção de verossimilhança ao representar a mímese como autônoma e muito mais lógica e previsível que a realidade. Enquanto a cena sendo ensaiada está no centro dos acontecimentos da narrativa, é bem iluminada e os atores dialogam em “alto e bom som”, a realidade que se desenrola ao redor do palco parece se ocultar na penumbra. O teatro é escuro e os personagens presentes sempre se comunicam em sussurros, cochichos, ou mesmo gestos mudos. Esses elementos enfatizam a superioridade da mímese em relação ao real no que concerne à clareza e à lógica. O homem-silhueta que adentra o teatro, vindo do mundo exterior, que caracteriza um nível ainda mais obscuro de realidade por seu distanciamento, é uma personificação do mistério e da imprevisibilidade da vida real. A mímese ergue-se clara e autônoma acima de um real que é mudo, escuro e distante, e é iluminada pelo único personagem que parece retratar a verossimilhança como uma grande piada.
Tanto o diretor quanto o ator que faz o papel do lavrador, porém, mostram-se insatisfeitos perante a inverossimilhança da peça. O ator critica o texto, enquanto o diretor não se conforma com o “distanciamento” do ator que segundo ele, não seria apropriado na situação. A própria insatisfação do diretor é irônica, visto que esse exige que seja verossímil um diálogo com a morte. Essa necessidade de verossimilhança caracteriza o erro trágico dos personagens, e a própria realidade, personificada no homem misterioso, promove um desenlace absurdo e inacreditável para a narrativa. Em um instante ficcional, mímese e realidade encontram-se e confundem-se: a esposa do ator se transforma na mulher da peça de teatro, enquanto ator e “humilde lavrador” não mais se distinguem. Assim, o “distanciamento”, antes chamado de inverossímil pelo diretor, transforma-se em perfeita aproximação, em realidade. E pela primeira vez, “embora a entonação no palco tenha sido a mesma e devesse portanto, pela lógica, ser mais uma vez interrompida”, a realidade desvia-se da lógica e a interrupção não ocorre. A cena ficcional e a piada do iluminador prosseguem, fechando tragicamente, ao som de gargalhadas, a piada da verossimilhança.
A ironia, portanto permeia todos os níveis de realidade e mímese do conto Estão Apenas Ensaiando, ainda porque a realidade da obra está limitada pelas próprias fronteiras da ficção. Subentende-se então uma última camada de real, que seria o mundo do leitor. Essa construção de diversos níveis de realidade é justamente o que caracteriza a mímese como autônoma, pois se a realidade é tão fragmentada e dividida, em relação a quê poderia a ficção ser verossímil?